Contra a Correnteza


E reconhecer o quão torturante
é a solidão, mas pressentir
a sua racional utilidade.
Perceber a necessidade
de aprofundar-se
no próprio ego,
de se conhecer intensamente.
Um grande desafio
para a individualidade,
ao perceber que
se contrapõe ao mundo.
Indisposto para qualquer tipo
de rebelião, mas inconformado
e indignado com a vida.
Numa mistura de desejo
de harmonia e paz
com rebeldia e guerra,
criando inquietação.
Questionando-se o incômodo
de nadar contra a correnteza,
enquanto outros
o fazem sem culpas.
Enchendo-se de dúvidas
ao ver-se nadando
em sentido contrário,
já com os braços doloridos.
Existe um intenso
estímulo interno
que faz proceder
de forma ímpar ao comum , ao geral.
São posicionamentos solitários
e, portanto, invisíveis
aos olhos alheios,
mas decisivos.
São exigências extremas
de posicionamentos-limite
a cada instante,
um interrogar constante.
É um estranho impulso íntimo
que aprisiona a força e os desejos
a objetivos muito distantes.
O cérebro vive atormentado,
parece uma tempestade sem fim,
um vulcão em contínua erupção.
Teme de alguma forma
a fragilidade do corpo,
ante a força autoritária
e determinada do espírito.
Também o coração inquieta-se
entre o amor suave e frustrado
e o ódio vingativo e tenaz.
Os punhos estão cerrados,
a face está blindada,
os sentimentos esfriados,
os nervos eriçados,
Mas a consciência atua
como que poderosos arreios
que imobilizam
o potro furioso e selvagem.
A intuição fala-lhe
sobre o plantio de sementes,
mas a paciência humana é intolerante.
Conclui ser necessário
recorrer a auxílio divino,
a uma força maior
que sua limitação humana.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 29/05/2009
Reeditado em 23/02/2020
Código do texto: T1621377
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