Somente Só


Curvando-se à pressão
da sensação de sufocante
e imobilizante clausura.
Querendo fugir como que fera
aprisionada em astuta armadilha.

Perdendo o olhar
na profundidade dos abismos
e na altitude dos picos.

Reconhecendo haver um confronto
entre o que existe de mais alto
com o profundo.

Não conseguindo nisto
manter os sentimentos,
percebendo-se como que algo oco.

Uma casca sem conteúdo,
um recipiente vazio.

Desestimulando-se consigo,
não se reconhecendo
dentre tantos outros.

Desejando ser
comodamente ninguém.

Desprezando a si,
mas também a todos os demais.
Mergulhando na solidão do ego.

E na solidão, sentindo
a presença de um alguém oculto,
brincando de esconder.

Jogando com o acaso,
criando muitas possibilidades,
gerando expectativas.

Culminando num processo
de ansiedade por respostas
a dúvidas ocultas,

num estranho jogo
onde tudo pode ser:
talvez um “sim”,
talvez um “não”.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 31/05/2009
Reeditado em 23/02/2020
Código do texto: T1624778
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.