COISAS DA NOITE
NALDOVELHO
Já são dez as horas passadas das doze,
o sol faz tempo se pôs, noite de outono, abril,
sábado de lua crescente, vermelha e envolvente,
a anunciar que as horas vão ser longas,
cheias de segredos, sagrados e indecentes.
Tempo de encontro entre amantes,
de saciar a sede com água da nascente,
água que embriaga, feito aguardente,
água de cheiro, de cio, de gente.
Nem tem muito tempo me perdi de você.
E o rádio ligado, um Noturno, Chopin.
Olho no espelho, já faz muitos, longos anos,
certamente já não somos os mesmos
e pelo jeito esta noite vai ser de lembranças,
de muitos Martines, de muitos cigarros,
noite propícia para o prazer de escrever.
A solidão já não assusta, é até bem vinda,
cria uma certa cumplicidade, boa para a inspiração,
e eu continuo um romântico, desses incorrigíveis.
Já passam das duas, madrugada latente,
tomara que a noite nunca mais termine,
pois ao amanhecer, vou ter que parar de pensar em você.
Nana Caymmi, é um prazer tê-la aqui em meu quarto,
sua voz num CD virou um raro e precioso prazer,
desses que eu prefiro não ter que abrir mão.
Já passam das quatro, madrugada de domingo,
no ar o seu cheiro, o seu perfume...
Coisa mais de entranhada, difícil de esquecer.
NALDOVELHO
Já são dez as horas passadas das doze,
o sol faz tempo se pôs, noite de outono, abril,
sábado de lua crescente, vermelha e envolvente,
a anunciar que as horas vão ser longas,
cheias de segredos, sagrados e indecentes.
Tempo de encontro entre amantes,
de saciar a sede com água da nascente,
água que embriaga, feito aguardente,
água de cheiro, de cio, de gente.
Nem tem muito tempo me perdi de você.
E o rádio ligado, um Noturno, Chopin.
Olho no espelho, já faz muitos, longos anos,
certamente já não somos os mesmos
e pelo jeito esta noite vai ser de lembranças,
de muitos Martines, de muitos cigarros,
noite propícia para o prazer de escrever.
A solidão já não assusta, é até bem vinda,
cria uma certa cumplicidade, boa para a inspiração,
e eu continuo um romântico, desses incorrigíveis.
Já passam das duas, madrugada latente,
tomara que a noite nunca mais termine,
pois ao amanhecer, vou ter que parar de pensar em você.
Nana Caymmi, é um prazer tê-la aqui em meu quarto,
sua voz num CD virou um raro e precioso prazer,
desses que eu prefiro não ter que abrir mão.
Já passam das quatro, madrugada de domingo,
no ar o seu cheiro, o seu perfume...
Coisa mais de entranhada, difícil de esquecer.