Crepúsculo

Ah! Plangentes horas que se arrastam!
Crepúsculo ao horizonte, calando-se.
Inebriante abrir de asas despertas.
Um sóbrio entardecer distanciando-se.

Calor aliciante d'alma, inefável.
Torpor e querências num só lamentar.
Vazio sentido no âmago descrente.
Anseios desfigurados nos olhos a chorar.

Máscaras descartadas na relva dourada,
Lágrimas vulgarizadas na rosada tez.
A tessitura, sonorizada pelo vento,
Sopra ao ouvido delírios, insensatez.

Ah! Plangentes horas que se arrastam!
Calvário que se propaga infinitamente.
Insone é esse amor que se alastra no peito.
Ocaso que ao acaso, se revela premente.

** Publicado no Livro "Antologia Delicatta IV: Poesia, Contos e Crônicas"