As Correntes de Vento do Tempo

Pura inquietação
dos anos que passam.
Puro desejo que esvai
como o  pó do tempo
por entre as mãos.
Tomando o dito pelo não dito, 
a verdade pelo mito.
Uma boa mentira, talvez,
pois que acaba o querer
a tudo justificar.
E querer ser,
e querer se expandir,
a célula, um corpo...
Onde tudo começa,
onde tudo termina?
Resquícios existem,
neste querer,
nesta vontade,
todo o resto
parece ser acessório,
badulaques que o querer
criou para nos enganar.
De tantos “querer”
vivemos nós.
Do querer de si,
do querer de tantos.
E, quem sabe,
do querer de Um só,
um Querer originário.
Pois no princípio
o querer antecedeu ao verbo.
E o verbo pensou-se originário,
quando era apenas
o vestuário do querer....

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 15/06/2009
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