Consciência

Encheu-se de silêncio
o que deveria falar.
E calou-se
e passou apenas a ouvir.
Sentou-se pois
já exausto por tanto andar.
Optou por não mais querer,
pois estava cansado
de tanto desejar.
Despojou-se do que até então
julgará ter grande importância.
Quem sabe fosse possível
desta forma conquistar
a paz dos insignificantes.
Desejou livrar-se do próprio ego,
mas não sabia como faze-lo.
O passado já havia sido escrito,
o livre arbítrio já havia sido utilizado.
Assim as forças do destino
já haviam sido geradas
nas ações pretéritas.
Aprisionara-se as suas atitudes,
agora era cativo
com restrições a sua liberdade.
De certa forma até agradecia os limites
que o impediam de novos enganos.
Mas havia um outro lado,
a comodidade não era
suficiente para dar paz,
Sentia-se despojado de parte de si,
sentia-se vulnerável ante ao cotidiano.
Haveria de surgir vivo em espírito,
ressurgido, mas como viver?
Como armar-se com
os instrumentos da vida
se eles são os próprios pecados.
Daí o sentido de estar desprotegido,
de não estar apto para o combate imposto.
Até onde é correta a resignação da alma,
quando se faz necessário
o instinto de conservação?
Uma terrível dúvida imobilizante,
os instintos do corpo
rebelando-se com as virtudes do espírito.
Mas na consciência está gravado
um alerta que produz medo
de ficar prisioneiro da efemeridade.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 21/06/2009
Reeditado em 21/09/2018
Código do texto: T1660157
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