CAOS

Vago no ínfimo espaço vago

do hospício fosco das ruas

a fumar enlouquecido combustíveis,

envolvido na viagem sombria

dos seus efeitos...

Afogo-me em enxurradas densas

de urgência e tormenta,

que levam-me desesperadas o corpo

seco, teso, sem viço

rumo ao cume obscuro do futuro.

Tal um guerreiro sem pátria,

prossigo em marcha alucinada

sob socos sem tréguas de um sol em brasas,

sob brados bravios dos detritos urbanos,

que me estouram cérebro e músculos.

Ai, eu quero parar!

Contudo preciso continuar

para não ser pisoteado pelos que vêm atrás,

como arbusto solitário do deserto

vitimado pelo peso implacável de uma cáfila.

E cores opacas e fervilhantes

precipitam-se sobre mim

em espirais estonteantes...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 30/06/2009
Código do texto: T1674757
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