(((( COMO ONDAS ))))

Indômita mareta arrasta a areia

A fereza do mar ignora os rastros

Pegadas de quando o mar era calmo

E o som do vento eram meus passos

Deserta praia da solidão noturna

Somente uma alma teima está lá

Olha a lua enquanto atura

O ruído das ondas a lhe atarracar

Tem som de tristeza lacônica

Vozes que cantam seus ais

Vem e vão como ondas

Nas vésperas de temporais

Indelével lembrança das brancas areias

Dos olhos prateados do luar

O lamento do canto da sereia

Era uma prévia do grito iracundo do mar

Há um canto num canto do coração

O outro canto é mar aberto

Sem reservas, sem lugar certo

Quem abarca rescinde a solidão

Ivone Alves SOL