Novos tempos

Hoje dormi o dia inteiro

Completamente perdido na escuridão dos meus olhos

Perdido nos pensamentos fracos

Perdido no meu caminho sempre tão correto

Debaixo da chuva fria que cai sobre meus sonhos e lençóis

Eu choro e perco a vontade de viver

Queria poder sonhar de verdade novamente

Ter sonhos de dias mais alegres

Daqueles que tinha quando era criança

Daqueles que faziam meus olhos brilhar no meio da dor

E mascaravam os cantos escuros da cidade

Sinto falta de todos os pequenos detalhes

Coisas que apagamos durante a estrada

Minha vida agora parece um retrato velho em preto e branco

Tons do manto cinza tingido de morte que me envolve

Dormi demais hoje

Já é noite e ainda chove

Meus pequenos erros vêm me inundar em marés de desgosto

E ainda não descobri onde errei exatamente

Será que errei em viver?

Errei em ajudar os outros?

Errei pensando que tinha errado!

E perdi a batalha da vida contra meu próprio pessimismo

Sinto falta de saber enxergar as cores, a luz, o vermelho do sol da manhã

As cores insanas que os poetas se orgulham de amar

As cores tão belas dos sonhos que se misturam ao breu da vida

Para abrir caminhos dentre a escuridão

Hoje vou voltar a dormir

Pelo puro cansaço de continuar vivendo

Entrego-me sem pena para a inércia da morte

Estou só esperando alguém vir me carregar

Mas só me resta o relógio marcando meus segundos

Só o silêncio entre as janelas e portas

No corredor ouço ainda uma voz penetrante

Só me resta o vazio

E a brisa que sussurra devagar:

Não tem mais ninguém aqui