Ribanceira
Como se fosse um abismo
Onde cai uma rocha vazia
Sinto meu peito como um penhasco
Por onde rola essa poesia
A rocha bate e rebate no solo
Meu peito cola e descola no tempo
O impacto da pedra sem rumo
Apenas desfaz mais rápido o tormento
Bate, rebate, pula e rola
Vem chegando a hora do fim
Dança, gira, balança e sonha
Meu coração foge de mim
Volta, não quebre ao final!
Suba, ressurja do pó que restou!
Venha encher meu peito de novo
Faça brotar esta flor que murchou
Floresça na rocha o que é vivo
Jogue no abismo o que não existe
Descubra em meu ser o que é novo
Jogue no nada tudo o que persiste
Como se fosse um abismo
Por onde cai uma rocha vazia
Sinto meu peito como esta pedra
Que um dia se desfaz, em poesia