APAIXONADAMENTE SÓ
 
Os anos correm solidão adentro,
Mesmo gritando dói o silêncio.
minhas manhãs não me descansam,
enquanto fogem os meus sonhos.
O sol tardio cansa meus olhos,
Minhas pernas curvam-se lentamente,
Já não suporto meus pecados.
Sou vilão nesse incerto roteiro,
onde ecoam meus íntimos desejos ,
sou único personagem do poema.
Assim a vida passa, vazia...
Pegadas nuas, apenas duas,
Meus pés choram sangue,
Desnudo entrego meu pranto.
Minha dor minha companhia,
Risco no chão uma poesia,
Um fruto colhido ainda verde.
A lua me serve de testemunha,
Antes musa hoje conivente,
Sua mentira é minha clausura.
Amo eternamente essa visão,
fantasma que habita meu coração,
assim vão-se os anos, todos eles,
e continuo apaixonadamente só.