O que pode um homem...

O que pode um homem, quando tuas mãos estão atadas

E quando teus pés não tocam o chão

Quando tua mente estiver em terras desconhecidas

E teu maior tesouro, for o pó que restou do seu coração?

O que deve um homem, senão a eterna dívida de viver

Mesmo se que com a vida não se lucrou nada

O que deve normalmente se fazer

O que pode acontecer

Senão o beijo da namorada?

O que sente um homem, quando não sente nada?

Talvez o vazio se alastre pelas tuas veias

E quando for pouco, esse vazio transborda

E se mistura com as areias

Que são trazidas pelo vento

E quando chega a tarde fecha-se a porta.

O que pode um homem, senão enganar-se

Estando diante da fissura que o leva ao amor?

Mesmo que mais tarde as ondas o levem

Deixando teu rosto ferido pelo sal

Ou pela força de sua passagem

Mais valia se fosse uma lavagem cerebral.

O que diz um homem, quando não é ouvido?

Bom seria se ele nem pedisse respostas

Pois o silêncio chama-se silêncio por certo motivo

O que não deve ser dito

Está dentro de quem permanece calado.

O que faria um homem, se não foste servo do medo?

Talvez pouca coisa. O medo move o homem.

Quando se está no escuro, sente-se medo

E o medo nos faz correr pra buscar luz

Mesmo que não acha ninguém

O medo não é em vão

A luz ilumina a escuridão.

O que escreve um homem, quando está sozinho

Mesmo que cercado de pessoas

O poeta se sente só

Voa feito um passarinho

Mas nunca sai do teu lugar

Sempre está sentado

Esperando a morte chegar

E com receio que a vida

Não lhe deixe esperar.

José Borges Neto
Enviado por José Borges Neto em 03/10/2009
Código do texto: T1845660
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