Eu não fui homem para ir até o fim(quase me matei).

O desespero me rasgava

A dor não conseguia mais agüentar

A tristeza me torturava

Precisava com isso acabar.

Veneno então misturei

A um copo de suco de uva

O coloquei na mesinha,fixamente o observei

Enquanto caíam no teto os pingos da chuva.

Com as mãos trêmulas o apanhei

De olhos fechados pensei ser o derradeiro momento

Aos lábios então o levei

Sorvi um gole,veio um formigamento.

Não sei por quê mas de imediato me arrependi

Me desceu queimando

Um entorpecimento senti

Fui ao banheiro me arrastando.

Veio a ânsia incontrolável

O corpo todo se contorcia

O vômito foi inevitável

Ao lado do vaso ,baixo eu gemia.

Suor pelo corpo escorria

Estava seca a boca

O ventre doía

Depois de atitude tão louca.

Alquebrado,para o quarto rumei

O copo por um instante olhei novamente

Caí de joelhos,o rosto entre as mãos coloquei

Chorei copiosamente.

A covardia maldita

Outra vez me segurou

Não extingui a desdita

Meu intento malogrou.

Está uma enorme confusão

Aqui no pensamento,tudo misturado

Não sei o que fazer

Estou desacorçoado.

Não fui até o fim

Com a agonia não findei

O infortúnio ri de mim

Nem para me matar eu prestei!

Se tivesse bebido todo o suco,não estaria mais aqui,mas não fui homem.

E pro diabo se meu português é ruim,sou um iletrado mesmo!

Além do mais,ninguém lê o que rascunho.

Apenas descrevi o que se passou.

Fato verídico.

20/02/2006

Arcanjjus Negrus
Enviado por Arcanjjus Negrus em 08/10/2009
Reeditado em 08/10/2009
Código do texto: T1855078