Eu não fui homem para ir até o fim(quase me matei).
O desespero me rasgava
A dor não conseguia mais agüentar
A tristeza me torturava
Precisava com isso acabar.
Veneno então misturei
A um copo de suco de uva
O coloquei na mesinha,fixamente o observei
Enquanto caíam no teto os pingos da chuva.
Com as mãos trêmulas o apanhei
De olhos fechados pensei ser o derradeiro momento
Aos lábios então o levei
Sorvi um gole,veio um formigamento.
Não sei por quê mas de imediato me arrependi
Me desceu queimando
Um entorpecimento senti
Fui ao banheiro me arrastando.
Veio a ânsia incontrolável
O corpo todo se contorcia
O vômito foi inevitável
Ao lado do vaso ,baixo eu gemia.
Suor pelo corpo escorria
Estava seca a boca
O ventre doía
Depois de atitude tão louca.
Alquebrado,para o quarto rumei
O copo por um instante olhei novamente
Caí de joelhos,o rosto entre as mãos coloquei
Chorei copiosamente.
A covardia maldita
Outra vez me segurou
Não extingui a desdita
Meu intento malogrou.
Está uma enorme confusão
Aqui no pensamento,tudo misturado
Não sei o que fazer
Estou desacorçoado.
Não fui até o fim
Com a agonia não findei
O infortúnio ri de mim
Nem para me matar eu prestei!
Se tivesse bebido todo o suco,não estaria mais aqui,mas não fui homem.
E pro diabo se meu português é ruim,sou um iletrado mesmo!
Além do mais,ninguém lê o que rascunho.
Apenas descrevi o que se passou.
Fato verídico.
20/02/2006