SOMBRAS

Nos cantos perdidos do quarto,
Obscuros, enevoados sentimentos,
Mágoas, revoltas como ondas.
Ventos que invadem as janelas,
Ressecam lágrimas debruçadas
Sobre pele, sobre as mãos.
Dedos que já não mais sussurram,
Escondem-se nas roupas, retidos.
Nessa imensidão entorpecida
Pelas lembranças furtivas,
Embriagadas de sonhos,
Vou digerindo os ares.
E em meus pesares, resignação
Ao destino, o que de mim restou.