SEM AVISO...


No palco abandonado da vida
fui paisagem num ato disperso.
Coadjuvante à sombra do tempo...
No fiar dos anos, ensaiei sonhos-versos,
no contraponto dos contratempos
driblei as letras em inverso,
abri meu coração introvertido
libertando a emoção recolhida.

Acreditei que a ternura de um sorriso
seria minha eterna acolhida...
Mas num cenário distorcido
um personagem se cala...
Metade é sentimento amor
a outra, cristal estilhaçado
nas gostas cristalizadas de dor.

Silêncio de um tempo partido...
No fel amargo da indiferença
solidão desfolha sentidos
na invernia do esquecimento.
Olhos molhados relembram auroras
onde a esperança era a força da crença,
hoje são nuvens soltas num outrora...

A luz que se evade do olhar
deixa no corpo um palco vazio,
quando alma parte sem avisar...



22/06/2008



Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 30/10/2009
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