Sem dor

Parece que estou vivo a séculos.

Embora o tempo seja importuno;

És belo o caminhar nas pedras.

Descalço sobre elas

Sinto a leveza sob meus pés.

E você não pode tirar de mim essa sensação.

Sua perfeição não me obriga a ser perfeito.

Eu tenho a mim mesmo.

Não preciso de você.

Tenho a solidão como companheira

E o tempo como inimigo.

Essas horas ainda me matam.

Ainda hão de matar.

Destemido, encaro

O fato sem expectativas.

Pois, apesar de ter vivido séculos

Sou menos da metade que gostaria de ser.

Espero por algo que não sei o que é.

Eu sei que não quero esperar mais.

Odeio esperar.

As filas são como as horas;

Ainda hão de matar.

Sei também que não espero por você.

Sei que não espero ninguém.

Insisto em enganar-me.

Assim tem sido bom.

Então deixe estar.

Enganar-me

Tem sido como as horas e as filas.

Só que enganar é algo que me matará sem dor.

Rafa Mendonça
Enviado por Rafa Mendonça em 20/11/2009
Reeditado em 20/11/2009
Código do texto: T1933573
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