Masoquismo
Sentir a névoa tocar a face
O vento gélido inundar meu ser
A brisa suave acariciar minhas mãos
E a vegetação geada rasgar-me os pés.
Caminhar sozinho sobre a escuridão
Lamentar a perda de um transeunte inoportuno
Converter a garoa em pranto
O silêncio em desilusão.
Nada é mais como na candura
O semblante se faz homem
A alma se faz moleque
Correr por uma selva de desamor
Gemer a noite ao não sentir seu corpo
Entregar-se a dor
Punir-me por ser falho
Arrancar-me a pele áspera
Regressar ao ponto inicial
Tirar sua sombra de minhas vestes rasgadas
Se atirar ao fundo da luz
Furar-me sem o alento de seu suor
Esquecer que há vida
E sentir a névoa tocar-me
O vento, a brisa, o mato
Matar-me.