Masoquismo

Sentir a névoa tocar a face

O vento gélido inundar meu ser

A brisa suave acariciar minhas mãos

E a vegetação geada rasgar-me os pés.

Caminhar sozinho sobre a escuridão

Lamentar a perda de um transeunte inoportuno

Converter a garoa em pranto

O silêncio em desilusão.

Nada é mais como na candura

O semblante se faz homem

A alma se faz moleque

Correr por uma selva de desamor

Gemer a noite ao não sentir seu corpo

Entregar-se a dor

Punir-me por ser falho

Arrancar-me a pele áspera

Regressar ao ponto inicial

Tirar sua sombra de minhas vestes rasgadas

Se atirar ao fundo da luz

Furar-me sem o alento de seu suor

Esquecer que há vida

E sentir a névoa tocar-me

O vento, a brisa, o mato

Matar-me.

Bruno R Santos
Enviado por Bruno R Santos em 28/12/2009
Código do texto: T1998976
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