INDIGENTES

Nos caminhos da ilusão

Encontrei-te perdido na solidão

Solidariamente te abracei

E caminhamos juntos

Na mesma direção

Sem saber aonde chegar

Sol, chuva tempestade!

Foram nossos abrigos de verdade

Nós dois perdidos na sociedade

Então sentimos o peso da maldade

Veio à fome a sede com crueldade

O sol ardia à chuva encharcava

E sozinhos chorávamos

Entre soluços e lagrimas

Alguém nós acalentava

E enrolados em trapos

Seguimos feitos farrapos

Pés no chão, barriga vazia!

Pretérito presente

Consciência ausente

Coração vazio de amor

Sustando a vontade de viver

Zortando da sociedade

Não sentimos saudade

Só temos a grande vontade

De ser tratado como gente

É horrível ser indigente

Causa o asco

Para os olhos do mundo

E o que mais dói

É ser chamado de vagabundo.