A sua lembrança

A chuva chega embrenhada trazendo sua imagem

As mãos soltas tateiam o seu sorriso num doce firmamento...

Junto com a névoa insípida tudo reaparece e me delicio ao extremo

Fico assim extasiado à beijá-la no relance do ir e vir

As margens do seu olhar em arco-íris tão dissimulado sorriem sarcástica

A tudo assisto com as mãos amarradas num sofrimento ermo leviano.

Pestanejo nessa brisa teimosa em cair, banhando meus olhos semicerrados,

Dissecando o ontem furtivo infiltrado nesse presente inóspito intransigente...

Todavia, naufrago num comodismo, nessa insensatez de partilha de sentimentos.

As juras que um dia se fizeram eleitas à perpetuar palavras em si vãs,

Derretem-se no tempo impetuoso, em tom drástico, corrosivo, lesivo.

A névoa transcende num horizonte de interrogações

Numa alma transposta de perguntas febris e respostas hostís.

Fecho os olhos medianeiros, enquanto a chuva não passa... não passa.

Fico aqui intansigente vendo o tempo passar...

Fico aqui imaginando você assim passar...

Fico aqui absorto, apenas lembrando...

Possuindo-te em pensamento.

Marcos Antony
Enviado por Marcos Antony em 29/01/2010
Reeditado em 21/05/2010
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