Flores de verão
Esta é uma história de duas pessoas
Para se contar para as filhas de suas filhas
De um caso que não aconteceu
Um casal que se encontrou
Depois se perdeu nas rodas do destino
E no giro dos ponteiros se separou para nunca mais
Qualquer coisa é qualquer coisa
Não dá para ficar calado
A espera do acontecer
Tão nervoso , tão delirante
Passou dos limites
Passou do ponto
Um poema dentro de um livro espírita
Esquecido num banco de onibus
Na periferia de São Paulo
Jogado no achados e perdidos
Da Cia do Metrô
Sem nomes nem dedicatórias
Esta é uma história de poucas linhas
Mas com intensidade vívida
Fogo crescido na pele
Coração cantando poesia
O desejo era nitroglicerina
Lábios queimavam de prazer
Sem sujeira nem mentira
Olhos mergulhados nos olhos
Do começo ao fim
Se dão as mãos de amigos
Se dão risos de teatro
Se dão escritos de paixão
Esta é uma história sem final feliz
Cada um do seu lado da serra
Cada um com sua estrada
Cada um com suas memórias
São as circunstâncias que jogam as cartas
Que abrem as portas dos ambulatórios
Qualquer coisa que corta
Sempre nos conforta
A pela apenas sustenta
A ânsia de viver
O amor não se cala
Deixa detonar a explosão
Tudo esta amargo
O café caboclo saiu atrasado
É preciso paciência budista
Para calar os sinos da vontade
É preciso tempo medieval
Para curar as feridas dos dragões
Vivemos de situações impossiveis
Nada é cem por cento
Somos uma mistura de alternativas
De diversas substâncias
De diversas escolhas erradas
Na química aromática da natureza
Esta é uma história de duas pessoas
Que não acreditam em contos de fada
Não que tudo seja claro
Não que tudo seja perdição
Mas viviam perseguidas pelo passado
E por bruxas malvadas