Flores de verão

Esta é uma história de duas pessoas

Para se contar para as filhas de suas filhas

De um caso que não aconteceu

Um casal que se encontrou

Depois se perdeu nas rodas do destino

E no giro dos ponteiros se separou para nunca mais

Qualquer coisa é qualquer coisa

Não dá para ficar calado

A espera do acontecer

Tão nervoso , tão delirante

Passou dos limites

Passou do ponto

Um poema dentro de um livro espírita

Esquecido num banco de onibus

Na periferia de São Paulo

Jogado no achados e perdidos

Da Cia do Metrô

Sem nomes nem dedicatórias

Esta é uma história de poucas linhas

Mas com intensidade vívida

Fogo crescido na pele

Coração cantando poesia

O desejo era nitroglicerina

Lábios queimavam de prazer

Sem sujeira nem mentira

Olhos mergulhados nos olhos

Do começo ao fim

Se dão as mãos de amigos

Se dão risos de teatro

Se dão escritos de paixão

Esta é uma história sem final feliz

Cada um do seu lado da serra

Cada um com sua estrada

Cada um com suas memórias

São as circunstâncias que jogam as cartas

Que abrem as portas dos ambulatórios

Qualquer coisa que corta

Sempre nos conforta

A pela apenas sustenta

A ânsia de viver

O amor não se cala

Deixa detonar a explosão

Tudo esta amargo

O café caboclo saiu atrasado

É preciso paciência budista

Para calar os sinos da vontade

É preciso tempo medieval

Para curar as feridas dos dragões

Vivemos de situações impossiveis

Nada é cem por cento

Somos uma mistura de alternativas

De diversas substâncias

De diversas escolhas erradas

Na química aromática da natureza

Esta é uma história de duas pessoas

Que não acreditam em contos de fada

Não que tudo seja claro

Não que tudo seja perdição

Mas viviam perseguidas pelo passado

E por bruxas malvadas

carlos assis
Enviado por carlos assis em 06/02/2010
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