PERDIDO NA NOITE
Enlouquecidos pensamentos
Que chegam pelo vento
Despertando um mar de tormentos
Jogando-me madrugada adentro
Na imensidão do espaço escuro
Já não sei quem sou e o que faço
Escrevo como terapia até confesso
E desço pela goela um vinho seco
Que engulo sentindo-me um trapo
Será que consigo juntar meus cacos?
Para onde irei navegar a nau...
Nesta tempestade que corrói a alma
Como converter os erros em acertos
Para que a paz seja de novo morada
Entre goles e soluços eu a busco
Um porto... Uma ilha... Jogar âncoras
Mãos e pele sangrando pelo cansaço
Onde aportarei a este meu barco?
Fico aqui à procura ou vou embora
Entorno de vez esta gélida garrafa?
Agora já sinto agradável sabor do néctar
Que escorre suave pelos meus lábios
Boa noite amarga e cruel solidão...
Por favor, me deixe dormir sossegado.
Hildebrando Menezes