Quatro Estações

Quatro Estações

Sobrevivi a mil anos sem a tua presença.

Mil anos transcorridos no decorrer de um único dia de Verão.

Procurei teu rastro nas areias do Tempo – nada encontrei além de solidão,

Herança lúgubre, deixada a guisa de tesouro.

Enxugue tuas lágrimas e prossiga tua caminhada - não olhes para trás.

As árvores nuas do Outono chegante escondem os nossos beijos trocados,

Beijos acondicionados nas lembranças das noites do Inverno vindouro

Saborosos beijos de nossa Primavera de amantes, inesquecíveis beijos roubados.

A calçada suja de lama oculta a esgarçada poesia que fiz

Numa noite em que reclamei pras paredes (apenas rudes reclamações de um homem infeliz)

Constatando o óbvio: a imensa falta que você me faz.

E enterrei a cabeça no travesseiro prá não sentir o peso insuportável de tua ausência.

Estamos sempre a confundir Sofrimento com Romantismo e, com este engano fatal, passamos a maior parte de nossas vidas de braços dados com o primeiro achando que estamos convivendo com o segundo.

Cidade dos Sonhos, manhã da terceira Quinta-Feira de Fevereiro de 2010

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 18/02/2010
Reeditado em 21/02/2010
Código do texto: T2093283
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