POESIA SEM LADOS

 

Minha poesia se desencantou

Como o mamão maduro que caiu

No chão molhado pela chuva ácida

Maduro

E sem futuro

 

Minha poesia não é mais encanto

É o pranto

Que foi iluminado na paisagem sem lados

Sem o azul céu

Sem gostas de mel

 

Minha poesia voltou para o gueto

Onde viu os pombos desalinhados

Procurando caminhar descalços

Sem saber escrever um soneto

 

Minha poesia morreu

No meio da vastidão sem palco

Sem campo para pousar

Sem corda para se enforcar