Quando sou o que escrevo
São essas as palavras que desperdiço, buscando algum consolo.
São esses os versos que se arrastam numa rotina prévia e inalterada,
ecoando exaustivamente o mesmo contexto parco e indisposto,
construindo solilóquios ausentes do âmbito de todo o bom gosto,
em páginas que ficam esquecidas sob o pó da memória empoeirada.
As velhas queixas de um sempre que se repete a cada dia.
A solidão inspirando cuidados com a própria falta de companhia.
E os devaneios concisos, traduzindo frustrações e ansiedades,
vertendo poesias dispersas num mesmo porquê das ambiguidades,
que carregam impasses que defrontam o amor com a apologia.
São essas palavras inaudíveis, silenciosas e igualmente tão caras,
as mesmas que me revelam a quem insiste em desconhecer-me...
nelas estão contidos os vestígios do que é impróprio às claras,
nelas, exatamente quem sou... para saber, basta ler-me.