NA ARREBENTAÇÃO
No livro do tempo,
minha vida parou
na porta do mundo...
Inconseqüente,
só pensava no agora.
Desconhecia
o verdadeiro sentido
da existência...
Não mais posso reverter
o caminho das horas.
Nas imperfeições
em mim expostas,
as emoções desgovernadas
decaem em páginas
amareladas.
Empoeiradas
no porão dos sentimentos
não mais argentados.
O brilho do olhar,
que reluzia
qual cristal,
trincou
e embaçou...
Nas lágrimas tantas
que derramou.
O amor, um antigo
desconhecido,
nos arrebóis da saudade
se assentou indefinido...
Ora, sou um pedaço de corpo,
um ser pouco e louco
que num vôo arribou.
Nas ondas da arrebentação
mergulhou fundo
no incerto mar da solidão
e, silenciosamente
lá ficou...
01/05/2006