Ar de lamentos

Eu a vi vestida de luto num vão escuro

Da sua face vertia silencioso pranto,

Refletindo seu infindável desencanto

A saudade é morte conhecida em plena vida...

Lembra cada carícia daquele amor impuro

Tão avassalador na hora da despedida,

O beijo da morte transformou seu amado

Em lembranças aspergidas pelos quatro ventos

Seus olhos são como milhares de tormentos

Envolta num ar de pesar apenas espera

O sutil som da morte vindo pelo prado

Agora é só uma flor murcha na primavera...

O céu é cinzas, o amor é remorso, puro ódio...

A pele é tal qual a bruma das manhãs de inverno

Fora é mansa, mas dentro é fervoroso inferno

Logo a morte parece ter um tom encantador

Já a vida se tornou imenso deserto vazio

O futuro se tornou pesadelo aterrador

O desespero é negra mortalha sobre o rosto

Seus sonhos são negros pássaros já sem asas

Agonizam num inferno de lamentos e brasas

Como uma chuva que lava, procela que arrasa

As chagas são curadas, adoçando o desgosto

Pouco a pouco se dissipando a negra fumaça...

Joselito de Souza Bertoglio
Enviado por Joselito de Souza Bertoglio em 15/04/2010
Código do texto: T2199612
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