Muito mais do que aparento
Encho-me de vazios porque muito é o que me cabe ainda.
Sombrios espaços de meu esquecimento, lacunas inevitáveis.
Transtornos inadequados à imensidão de tantos anseios,
que percorrem meus pensamentos como se fossem os únicos meios,
viáveis acessos guiando meus passos à abismos largos e profundos...
Vagueio entre o que vivi e aquilo o que nunca posso.
Cultivo solidões abstratas numa realidade distinta e concreta.
Meu reino é perdido no tempo, ignora limites, derruba os muros.
Minhas posses estão além do que escrevo, na transparência,
nos breus mais escuros...
Sou parte de um amor que governa e que por mim é governado.
Sou todo para quem amo e sou inteiro, enquanto amado.
Sou aquele que vive a eternidade que está além,
muito além desses mundos...