Ilusões estagnadas
Quisera eu ser o senhor de tantas casas,
onde habitam somente os costumes de uma rotina que desconheço.
Porque pertenço a tantas idas e vindas, e estada quase nenhuma,
e às vezes, cansam-me as andanças por esse mundo, sem paradeiro.
Talvez porque todo homem tenha a necessidade de um lugar
onde descanse em paz num único travesseiro...
As conquistas tiveram sabores diferentes,
mas a esta altura já não condizem com meu sentimento.
O que vi, onde fui, o que experimentei... disso eu sei.
E nisso, eu que já soube tanto, não vejo mais contentamento.
Ilusórios todos os mundos que estão lá fora,
quando é para dentro de mim que sempre volto, o meu abrigo.
Efêmeros olhares e sensações que se desfazem,
tantos lugares distantes, que às recordações nada trazem,
senão os mesmos fatos em razões desordenadas.
Frustrado, sou eu o senhor de coisa nenhuma,
perdendo diariamente o próprio desejo sob a densa bruma,
imerso no vazio de ilusões estagnadas...