Quartos vazios

ela vem chegando

quando menos se espera

vai penetrando

invadindo sem pedir licença

tomando conta

da cabeça, dos poros

dos músculos, dos ossos

nada adiantou, nada

os sorrisos forçados

as verdades, as mentiras

as conversas fiadas, as bebidas.

a noite leva as luzes

o que resta é silêncio

o maldito silêncio

os quartos vazios

as teias de aranha

o caminho das formigas

os pombos no telhado

o vento inesperadamente frio

uma barata que passa

um ratinho que foge

um desejo, um calafrio

a cama crescendo, crescendo

ela vem chegando

e num instante

salta sobre seu corpo

aprisiona seus olhos

as pernas, os braços

inertes, o coração

acelerado e nada mais

o medo, o pânico, o pavor, mesmo,

invade a alma

e não tem mais saída

elas começam a cair

as malditas lágrimas

começam a cair

e não param mais

e o sono não vem

nunca mais. a solidão

o maldito império da solidão

dori carvalho
Enviado por dori carvalho em 27/04/2010
Código do texto: T2222833
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.