À ESPERA
Lá se vão os dias abreviando
Minha derradeira espera à janela.
Mãos no queixo, olhos aguardando,
Coração angustiado em sentinela.
Limito ao horizonte o meu olhar,
Ao Sol que não espera p'ra se pôr.
Vou me deixando pela brisa suspirar,
Vou me deixando levar pelo torpor.
Ai de mim, que do meu destino nada sei!
Ai de mim, que nos teus braços suspirei,
Quando, desta espera, ainda não me fazia escrava.
Vou fenecendo no infortúnio da minha sorte,
Ao afastar da flor a própria morte
E os sonhos, que para mim não desejei.