PARTIDA

Partida

Arranquem-me o cisto

Nas partes tarde de minha carne

Subtraiam-me o visto

Emitido no parto cedo de meu encarne

Saqueiam-me o ar

Nas noites negras de minha agonia

Roubem-me o pão

Nas manhãs sombrias da bandeja

Enrolem-me no pano sujo

Dos dias que em que eu tal dito cujo

Enterrem-me no vermelho barro

Depois do último caro espasmo

Acendem-me as luzes das velas

Nos candeeiros da internação

Aceitam-me ao menos por esta alva áurea

Contornado pelos anjos parto para a invernação.

ADomingos
Enviado por ADomingos em 18/08/2010
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