Mais um rondó do Bufão
Bufão
Um bufão congela no tempo,
um momento preso no riso
de indeciso golpe de faca
d’uma opaca decisão.
O silêncio morto no ar,
tem de chumbo peso e cor,
num sufoco de isopor
por entrar pelo pulmão.
Um momento de pesar
nos bolsões do pensamento,
um terrível sentimento
por entrar em combustão.
Um bufão congela no tempo,
um momento preso no riso
de indeciso golpe de faca
d’uma opaca decisão.
Em um gelo que transpassa
as suas veias, as suas memórias
lá de histórias irrisórias
que se embaça na razão.
Em um gelo por queimar
toda a pele, seus sensores
antiqüíssimos refletores
que enferrujam solidão...
Um bufão congela no tempo,
um momento preso no riso
de indeciso golpe de faca
d’uma opaca decisão.
D’uma sina tão concreta
que confunde seus caminhos,
como um urso vai sozinho
na repleta escuridão.
Num constrito rompimento
com os velhos relicários,
um romper de maquinários,
trincamento e solidão.
Um bufão congela no tempo,
um momento preso no riso
de indeciso golpe de faca
d’uma opaca decisão.
Vou à Noite navegando
icebergs naufragados.
pelos mundos apagados
vão rasgando a imensidão.
E nos livros lá de outrora
quando o mundo era azul
fui num barco para o sul,
fui-me embora da razão...
Um bufão congela no tempo,
um momento preso no riso
de indeciso golpe de faca
d’uma opaca decisão.