Vôo sem asas

Ando alienado de corpo e alma

Quero ser homem sem avalista

Sem querer e ter

Por um dever

Ser visto apenas por

Por alguns números

Não quero ser apenas um RG

A água, a flor que brota

Obras nos dadas por Deus

Até por isso me tem cobrado

Então olho para as estrelas

Isso ainda posso

Sem me cobrarem

Tenho meus olhos

Que enxergam tudo

Foram-me dados

Perfeitos, escuros, castanhos

Andam sombrios...

Com o que vêem

Mas ainda posso

Ver com outros

Olhos ainda meus

A natureza

Que me desperta

Todos os dias

Ouço uma voz...

Não olhe ao homem

E sim ao Supremo

Verás então

Que não é apenas

Ou foi um feto

Hoje preso ás vezes

Apenas poder visar

Um simples teto

Ostentação,

Um sonho

Mas é apenas consumo

E a obedecer

O que me ocorre

Faz-me surgir

Não mais um dígito

Sou semelhança

Um coração

Que pulsa, em descompasso

Pela repulsa

De um mundo

Injusto,

Fico incrédulo

Mais uma vez.

Onde as cédulas

E não só as células

Dizem quem sou

Além de tudo

Em pensamento.

Vem desalento

E novamente vejo

Apenas o teto

Respiro fundo

E assim eu Humano

Ressurjo mais forte

Além de um número

Sou, não a imagem,

Sou semelhança

De um homem justo

Que em minha cidade

De braços abertos

A todos abençoa

E esse homem

Que deu a outra face

Até com isso se indignou

E a outros

Ele diz farto:

- Dê a Cesar o que é de César!

Ele certo, justo

Prepostos seus

Deixaram escritos

Meus olhos viram.

No decorrer

De meu caminho

Sou passarinho

Não tenho asas

Mas quero voar...

Crissol

Crissol
Enviado por Crissol em 30/11/2010
Reeditado em 18/01/2012
Código do texto: T2646257