Por muito tempo

ninguém me vê

mas eu vejo todos

ando na madrugada

sempre no mesmo passo

fuga do destino irreversível

dia após dia

coração no peito

cabeça nas nuvens

barriga resmungando

carros em disparada

a criação não acabou

o peso da gravitação universal

no jogo astronômico

dedos do acaso na pele das galáxias

continuação perpétua

o trabalhador caminha

o atleta corre

a mulher suspira

o poeta escreve

a criança sonha

ninguém me vê

mas eu vejo todos

os anjos e os demônios da noite

as flores espalhadas no lixo

tudo jogado nos canteiros das avenidas

carlos assis
Enviado por carlos assis em 18/12/2010
Reeditado em 19/12/2010
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