De um poeta leitor para uma musa poeta

A inocência tua carrega um olhar

De força capaz de mover qualquer objeto.

O teu poema embebeda o pássaro no ar

Que sobrevoa vago procurando um trajeto.

O compasso entre os dedos seus

Em cada palavra ganha som e forma

No papel desbotado dos céus

É algo divino que não precisa reforma.

O luar em teus versos é imensidão

Dentro da madrugada solida e estática

Amparando a coruja e a solidão

Em estado de aflição e loucura intacta.

Seu verso é dor no rebelde coração

De um poeta adormecido pela comovente

E mais bela arte traduzida em paixão.

Sua poesia é vício em sentimento ardente.

Carrego-a com a paixão de um amante

Na lucidez de uma vida sem elo algum de certeza.

Aprecio cada rima como cada diamante.

Lapidado em seu último grau de beleza.

Leio-te porque ES deusa de raios e trovões

Leio-te porque ES à noite carregando todo encanto

Da lua, dos cometas e do universo em constelações.

Leio-te porque tua poesia em mim é pranto.

Tua poesia é assovio no vento doce e belo

É pluma no vácuo elástico leve e liberto.

Tua poesia é chama em fogo queimando o elo

Das coisas fúteis que engrandece o ser incerto.

Leio-te pelo simples fato de querer o mágico

Entre as pequenas coisas que são esquecidas.

Leio-te em busca de um universo que não seja trágico

Leio-te pela sensação plácida de alguns suicidas.

Véu que cobre e escorre pela serenidade acesa

Força além de qualquer outra força existente

Tua poesia é luz ofuscando sobre a mesa.

Tua poesia é crepúsculo no fim resistente.

Leio-te pelo desejo nascente das palavras tuas

Que me ergue sabiamente até os ares.

Leio-te e levo-te comigo entre as ideias nuas

No céu infinito da poesia que sustenta meus pesares.