ÀS VEZES...

Às vezes, e são vezes muito valiosas,

Consideramos melhor as coisas, sonhamos,

Olhamos ao redor, pensamos, nos encantamos,

Às vezes nos emocionamos,

Às vezes, estamos bem, e uma fagulha nos põe em chamas,

Às vezes as lágrimas vêm, e o chão, gelado, nos consola,

É tanto para processarmos, para tentar entendermo-nos,

É tanto empenho em vão.

Às vezes vem o vento, por entre as brechas da porta entreaberta,

E que logo se espatifa nos rostos, aliviando a sensação de aprisionamento,

Às vezes chove, e é lindo encantarmo-nos com a chuva,

Ela inspira, acalma, vence a solidão por um momento que seja,

Às vezes também gostamos de outras pessoas,

Às vezes somos queridos, às vezes esquecidos e ignorados,

Às vezes pedimos, em vão, por esperança, por algum sentido,

E é difícil ouvir um não silencioso, o não que prenuncia a tristeza,

Às vezes pensamos em sumir, em desistir de tentar,

Às vezes queremos estar bem longe,

Caminhando, sem rumo, sem planos.

Às vezes tudo o que temos são as palavras...

As doces... palavras.

M.A.S.P.