Quando a noite chega

Nesse pedaço de noite tão frio

Eu deito triste no meio da mata fechada

É mais um momento comum

Em que os bichos dormem silenciosos em suas tocas

E as pessoas descansam exaustas em seus barracos

Eu permaneço acordado, pensativo

Envolto no breu das ideias

Com os pés no veio gelado de água

Eu olho para o céu e vejo que as estrelas estão apagando

Enquanto as nuvens escuras caminham em seu universo distante

Lembro de uma noite quando sentei do seu lado

E as estrelas brilharam intensamente

Todos nos observavam curiosos

O sentimento de dois seres solitários quando se encontram na imensidão

Mas você se foi, levado pelo vento do sul

E hoje a chuva quando cai, cai em pranto

A nuvem quando desce, caminha sem olhar

A flor quando nasce, nasce morta

Quando o dia chega, vem de luto

E a noite se vai sem vontade

A água do regato corre apenas por correr

E eu deito, e vivo, apenas por viver

Choro apenas por você, mas de noite ninguém me ouve

Sonho apenas o que posso ter

E tenho apenas o que as nuvens deixam na terra

Quando a noite chega eu deito triste

Vejo teus olhos de longe, fugindo pela trilha

Abraço a solidão

E nada mais me importa