Era tudo.

Um olhar de neblina

A noite da janela

Ah noite severa!

E d’ela vê-se

Os quadros enfileirados

Telas brancas no quarto

Um olhado

No interior desses quadrados

Panos.

E bela é a pintura

Que lhes faço

E disfarço o sorriso

Desfaço o ocorrido

Com uma lembrança...

Negror céu e cinzas

Silenciosas latentes lágrimas de esperança

Ah, da lembrança

Era o que eu tinha

Era tudo o que eu tinha.

E as telas pintavam-se do teu sorriso,

Dos teus lassos sorrisos,

E isso era tudo.

As estrelas brilhavam

Em seu vasto cenário celestial

De sinistros tons,

E pintavam-se os quadros

De minhas ilusões

De ardentes mundanas paixões

Que me vinham que me iam,

E sim, era tudo.

E o amor naufragou

Na infrene tormenta desse coração.

Que pintam agora

Esses quadros nessa hora?

Serão meus dias que eram vãos

Oh, cheia de atroz melancolia

Ensopadas de clamor?

E era tudo.

Eu sei que um dia serás

A grácil aquarela alegre

Na tela vida incauta de alguém,

E novamente pintando o céu

Das flamejantes cores do amor

Que pululam do seu ebúrneo coração.

Mas por que...

Por que esse céu não pode ser o meu?

Tomb
Enviado por Tomb em 14/03/2011
Código do texto: T2847794
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.