SEM NINGUÉM...

SEM NINGUÉM...

Sergio Pantoja Mendes

Como sol caindo lentamente no poente,

me sinto só de mim e de tudo...

Já não tenho ninguém comigo

e é triste me descobrir sem amigos

e saber que antigos companheiros,

agora mudos,

já de mim não mais lembram...

Onde estão nossas brigas, quedas e jogos?

O que foi feito da minha infância?...

Me deixo estar, no escuro pensando,

aos tempos bons voltar, tentando

ser de novo feliz menino;

criança...

Criança a esperar que de alegria,

os olhos outra vez se acendam...

Onde estão voces amigos queridos?

Por quê nos falamos agora sem magia?

Por quê já não somos sinceros?

Por quê coisas boas, somente o belo,

já não importam como eu gostaria?...

Por quê essa sensação do nada presente

e essa certeza, do haver perdido?...

Por quê essa solidão imensa a me aterrorizar?...

Quê vazios nostálgicos me fazem tão só?...

Quê saudade essa, me marca min’alma?...

Sei somente, do punho fechado

destroçando minha calma

e do nó na garganta doendo, a maltratar...

e dessa vontade tão grande, de chorar...