Ermar

É noite escura sem luar

no silêncio da imensidão.

Sinto a vida continuar

no encontro da solidão.

Os pássaros de asas fechadas

pousam nos galhos das matas.

Vejo a natureza enlutada

na tempestade ingrata.

Os ventos se agitam

com tanta velocidade.

Os trens apitam

nesta continuidade.

Com a história na memória

tudo parece transladado.

Na passagem transitória

deste fogo cruzado.

Sem estrelas vi o céu,

o infinito invisível.

Fui andando ao léu

com meu coração sensível.

Quando entardece

é Deus o domínio.

A natureza entristece

com o extermínio.

Onde fica a poesia

com tanta pobreza...

O poeta e a magia

morrem com certeza.

Meus versos vão deixando

a brisa e o luar.

Meu lenço abanando

para não mais voltar.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 16/05/2011
Código do texto: T2974610