O Bêbado de Solidão

Sabe, as noites são as horas mais complicadas.

É a hora em que o bêbado sente a sua alma ameaçada.

Sente-a jogada numa calçada à beira de uma esquina.

À beira de um colapso com uma garrafa na mão.

É o bêbado de solidão.

Entre os vãos de uma vida com pouca esperança.

Numa corda bamba, um equilibrista tentando ficar em pé.

Mas, sem a tal da fé, ficou por um fio.

Ficou entre os rios e, entre eles, se enfiou.

Ouviu os barulhos e vozes estranhas.

Ouviu mios e barulhos de gotas se espalhando.

É o trajado de um bêbado solitário.

Trajado a viver num submundo.

Traçando-se a viver numa vida de bordel.

Sem noção das direções e requisições bíblicas.

Na pecabilidade, rebojar em sua mente.

Deixa a garrafa, então, vazia no canto,

Mas na intenção de viver pelos becos.

Nos trechos, mesmo com anseio.

Mesmo quando deitar no veludo de seu travesseiro,

Continuará sendo o bêbado entupido de solidão.

Um estúpido sóbrio, mas ainda solitário.

Renato F Marques
Enviado por Renato F Marques em 23/06/2011
Código do texto: T3053247
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