Limite Vertical
Nada temo além da própria existência, do futuro e da sorte
Não me assustam os corredores vazios, nem mesmo ser infeliz
Não tenho medo do escuro, nem da solidão, muito menos da morte
Aterroriza-me a vida, labirinto constante, com suas armadilhas ardis
E a dor, que lhe segue inflexível, a tortura e a crueldade dela advindas
Nada me aborrece ou me abate, nem mesmo o frio ou dúvida
Apavora-me a separação, a perda, a batalha infinda
Apavora-me a negação, a mentira, a falta de compaixão
Nada me entristece ou enfraquece, nem mesmo a queda inconteste
Só mesmo essa angústia de estar na vida, indevida, incontida, dividida
Uma vida por Deus esquecida...
Por isso me lanço, sem questionamentos para outra dimensão
Verticalmente espero, o vento no rosto, nenhum sentimento
O limite é o espaço até o final, sem precisão, apenas um sinal
Nada temo, a não ser o som esperado de vidros, no chão despedaçados.