Ela, a solidão

Sedimentar como pedra a tua forma,

Ferir os pés nas tuas afiadas arestas

Ou sangrar os joelhos sobre tuas frestas?

Derramar lágrimas ou sorrisos na tua face dura,

Deixa-los escorrer sem rumo até perderem-se

Entre tuas fendas ou abismos amorfos e perversos.

Cair, em prantos convulsivos, sobre teu corpo

Esperando em vão tua complacência que não vem.

Esfinge petrificada, erigída pela dor sedenta

De martírios chorados, gritados em desespero,

Silenciados pelo vácuo do vazio intransponível

Que a própia dor prazerosamesnte construiu.

Calcar em tuas quinas, gumes afiados, ponteagudos,

O coração e a alma como crianças indefesas,

Que perdidas, choram sem rastros para poder voltar.

Calcinar tua indifernça como se teus olhos vazios

Fossem punhais de fogo que entram na carne,

Ferem a alma indefesa e triste caída no chão

Em agônia louca e olhar aflito, perdido,

Olhando o distante horizonte de onde não vem niguém.

E um calor escaldante de tuas próprias entranhas

Jorrando fagulhas, pontas de fogo que ferem também,

Que prantos jorrados como água da chuva

Não consegue aplacar. Ah! Pedra calcinada,

Sedimentada como fóssil que os tantos mil anos

Se encarregou de guardar, de proteger e cuidar

Que em lentos suspíros, entre maldade e furor.

Se levanta e abraça, sufoca e maltrata,

Queima e abrasa. por mero prazer, qualquer coração.

E com um sorriso de escárnio demente, até indecente

Cala o tempo e grita feroz: EU SOU A SOLIDÃO.

jose joao da cruz filho
Enviado por jose joao da cruz filho em 26/08/2011
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