Eu, dentro de mim

Já andei sobre pedras pontegudas, afiadas

Dilarecendo pés, alma, coração e pensamentos,

Duras pedras e amorfos fantasmas vestidos

De pesadelos de perdas que a alma chora.

Caminhei sobre as sombras do que fui,

Caminhei sobre meus próprios escombros

Carregando solidão, dores e lágrimas

Mas ia sempre sem saber se o vazio

Estava dentro de mim, ou no mundo.

Caminhei por dias, por noites, por vidas até,

Sem me importar com a distância do horizonte,

Para mim todos os horizontes estavam bem ali...

Ali, onde ninguém foi, ali em lugar nenhum

Onde só meu pensamento doentio pela dor

Dilacerente que me rompia a alma podia ver.

Deitei com as estrelas me cantando canções

Que não ouvia, com o luar me dando banhos,

Me afagando o corpo e eu não sentia.

Tudo foi ficando ainda mais triste, sem cor...

Minha voz se tornou um sussurrante gemido,

Ou a súplica de uma oração que ninguém ouvia,

Até tentava gritar, mas como num pesadelo

Nem eu mesmo me escutava, mas ia seguindo sempre

Até chegar aqui... aqui onde estou... aqui dentro de mim.

jose joao da cruz filho
Enviado por jose joao da cruz filho em 02/09/2011
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