SOLIDÃO
É madrugada fria e eu acordada ainda,
lá fora o vento soa em agonia,
parece açoitar a noite que não finda.
Ouço barulhos que me atordoam,
mas não consigo saber de onde vêm
e insistente, meus pensamentos povoam.
Não quero sentir medo, mas não consigo.
É mais forte que eu, então invento
personagens que fiquem comigo.
Nesta brincadeira teatral
o medo de repente se vai
e eu esqueço de tudo que é real.
O frio gélido se faz sentir nas entranhas
e sob cobertas meu corpo se esconde.
O tempo passa e ainda e sinto estranha.
Minhas companhias se diluem no espaço
e meu pensamento procura um jeito
de guardar tudo numa caixa e prender com laço.
A madrugada gelada vai embora
e dá lugar ao clarão do dia que chega.
Preciso logo saiar pra fora.
Triste momentos noturnos
onde a solidão fere como lamina
e decora alma com ar taciturno.
O Sol raiou, é um novo dia,
melhor me preparar para madrugada,
mas está já não será tão sombria.