Retalhos
Não dá mais para segurar o choro
É preciso que as lágrimas lavem os olhos e a face
O fim, enfim, chegou e parece que para ficar.
O leite já derramou
O tempo já passou
E o pranto é só pra aliviar.
A semente não produziu o fruto esperado
Embora o terreno fosse fértil
E não há meios de prepará-lo mais.
Não é possível sofrer e fazer sofrer
Impor a quem não mais quer
O nosso jeito de ser.
A estrada, após tantas retas e curvas
Se bifurcou e é preciso soltar as mãos
Pois os sonhos já não são os mesmos.
Não há inocentes e talvez nem a quem culpar
Mesmo que a culpa esteja em todo canto
O difícil mesmo é aceitar.
Erros sucessivos geram o desencanto
E não se pode cobrar do outro a auto-anulação
Porque amar não pode ser sinônimo de submissão.
A solidão de novo se faz presente
Impregnou-se na alma
Feito mofo em paredes úmidas.
Pedras não são lapidadas pelo homem
– Exceto as preciosas –
São moldadas lenta e dolorosamente pela natureza.
Rosas não ferem ninguém por conta própria
Seus espinhos são defesa
Contra aqueles que lhes machucam.
Alegria e felicidade são companheiras eternas
Inseparáveis, andam juntas
Mas não podem dividir o mesmo espaço.
Por isso que quando uma sai a outra entra
Sem dar tempo mesmo de fechar a porta
Às vezes trombando nesse entrar e sair de emoções.
Somos causa e causadores de tudo o que nos acontece
Por isso que não se pode imputar exclusivamente ao outro
A responsabilidade da derrota ou os louros da vitória.
Cícero – 20-10-11