Vazia de mim...
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Posso na minha solidão experimentar,
um pouco de tudo, que minha alma recolhe,
permitindo que os meus lamentos sejam sábios,
não recriminando as lágrimas que correm,
para este ou aquele ser que rodeio silenciosa.
Posso me aquietar, respirar compassadamente,
sem acordar a ousada nirvana que me extingui,
deixando-me envolver lentamente por um leque inquieto,
por trás dele omitir as minhas digitais explosivas,
ainda que estejam todas as minhas janelas abertas.
Posso disfarçar meu olhar itinerante e na escuridão
ir descobrindo o caminho de casa, num piscar de olhos
e inteiramente senhora de mim ,ou na quietude solene
admitir que posso ignorar o meu ego
e ser quase nada, vazia de medos ou anseios.
Posso disfarçar nas cores das minhas roupas,
o desapego e a liberdade para qualquer problema,
meu interior valsa ao som da alegria sem vida,
sem interferir, nas duas metades que me compõem
real e imaginária...
Posso desintegrar com um sopro, verdades
e mentiras, até deixar que se tornem leves
sejam levadas pelos ventos à qualquer direção,
sendo a conciliadora dos meus mandamentos,
pois vazia de mim, não sofro punições.