Rosto de Vidro

Guardei os meus punhos cerrados

Sob as mangas de minhas dúvidas

Sob as pálpebras de um olho ferido

Como um frágil espelho de vidro

Rejeitei o meu rosto quebrado

Estranhos e frios são meus passos

Se fazem ouvir entre as tumbas

Sussurrantes, os pés andarilhos

Elegante marchante acabado

Talvez louco, cansado e errante

Entre um ermo de arbustos esparsos

Entre sebes noturnas, cobertas de brumas

Levanto a voz em um brado:

'Ouçam os montes e os seus viajantes:

Não ousem seguir os meus passos.

Deixe que o tempo e suas constantes

Separem os nossos espaços."

Direi à solidão que me acompanhe

Que possa guiar-me entre os montes

Que afaste-me todos os homens

E as suas mentiras marcadas

E ao fim de toda a jornada

Eu possa encontrar-me em honra

A erguer meu olhar triunfante

A cantar o meu hino velado

Abri os meus punhos feridos

Sob as bordas de minhas túnicas

Sob os olhos agora cerrados

Relembrei o espelho quebrado

Revelei o meu rosto de vidro

Áquila Teófilo
Enviado por Áquila Teófilo em 01/02/2012
Código do texto: T3475055
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