Manta de retalhos
O vento suave deu seu frio abraço,
Bailava por entre os dedos a luz da lua
Preenchendo o vazio, ocupando o espaço,
Precisava me aquecer... Tomara que o frio diminua...
Peguei do meu ser alguns cacos, aqueles velhos pedaços
Que outrora tentei esquecer e não consegui,
Decidi juntar retalhos e fui para o terraço,
Grande ideia e como criança sorri e corri,
Juntei a minha frente panos cortados... Minhas memórias...
Entre eles nossos planos e promessas perfeitas,
Nossa primeira mensagem, marco da nossa história,
Aquele boa noite onde agora deitas,
Juntei o "bom dia" que brilhava no nascer do sol,
O olhar forte e meigo que serviu de anzol,
Peguei aquele beijo suave que foi perdido,
O futuro sonhado que seria preenchido,
Tomei aquele doce sorriso em te ver,
E separei a vontade de todos combater,
Coloquei junto com o "pra sempre" que foi dito,
Aquele poema seu que eu tinha escrito,
Seu carinho de mansinho no meu cabelo,
Seu abraço onde fundei meu castelo
Suas histórias e seus martírios
Seu gesto quente, meus delírios,
Suas musicas favoritas, suas juras desmedidas,
Os planos de viagem, um pedaço de coragem
O foco de luz, o som que compus,
O caminho do metro, o teatro retrô
Minha espada, meu escudo e armadura,
Minha cantada, o amor mudo e a sua doçura,
Peguei o fio de aço e passei na agulha da vida,
Entrelacei este maço com as linhas do destino
Costuradas com sentimentos e trabalhos,
Fiz o que mais parecia um figurino
Cobrindo meu raciocínio na minha manta de retalhos.