Dia Comum

Mais uma vez chego em casa naquela mesma hora de nunca,

este pedaço de carne sangra entre meus dentes,

desfiro tiros no jornal em busca de diversão,

ouço o desespero de um gato impedido de seguir o seu caminho,

trivelas contra a parede acalmando a fúria contida,

um grito de desabafo, aquela doida ofegante me beija como nunca o fez,

o berro do telefone em busca de alguém que não existe,

a serpente se esconde nos cantos escuros,

a lembrança do dia que passou prova que nada pode ser pior,

no jornal mais desespero e um pouco de ópio para descansar a mente,

o cano entupido não me deixa pregar os olhos,

e o futuro nebuloso onde está como será,

a sabedoria pura completa mais um ano,

esta paixão volta a arder no meu coração,

tento abafar mas ta difícil,

duvidas surgem com flores na primavera,

o sumiço está cada vez mais necessário,

mais um dia comum que se extingue sem nenhuma novidade.